A população humana

Apesar dos decretos de patriarcas de cultos como o Papa, a maioria da população utiliza cada vez mais métodos contraceptivos para limitar o crescimento familiar. A contínua luta que nos permite fazê-lo é uma batalha chave, e é uma batalha em que muitas anarquistas – entre outras – têm se organizado. Contudo, a difusão dos contraceptivos – e, de maneira mais ampla, a luta pela libertação da mulher – não deterá a provável duplicação da população mundial durante o tempo de vida da minha geração. Tendo em conta que a

redução da família nuclear é a norma em grande parte do planeta, a habilidade da medicina industrial e as medidas higiênicas são agora chaves fundamentais para controlar a mortalidade. A população humana – ao menos nas projeções que contemplam a manutenção do status quo – continuará crescendo até 2050 pelo menos, sempre que as pessoas que vivem hoje alcancem uma expectativa de vida esperada e tenham o número esperado de filhas. Porém, não temos que esperar até lá para superar a capacidade de carga do planeta (a população máxima que ele é capaz de suportar de forma permanente) já que, provavelmente, é algo que já temos feito. A civilização industrial tem se organizado para aumentar
o fornecimento de alimentos por meio da colonização de mais e mais terra selvagem para uso agrário, e para o desenvolvimento da “revolução verde” com sua agrotecnologia e meios de transporte dependentes de combustível fóssil.

Por definição, a agricultura industrial depende da exploração de “terrenos fantasmas” (combustíveis fósseis) para produzir alimentos no ritmo atual. Isto só pode ser temporário já que, ao menos que você acredite no mito da abundância de recursos ilimitados (e viva ao deus-dará), em algum momento a caça ao petróleo renderá apenas mãos vazias. Quando acontecerá isso ninguém sabe, ainda que muitas digam que já passamos do pico do petróleo. Algumas argumentam que as células de hidrogênio, a energia solar, a engenharia genética, a nanotecnologia e a “praga verde†” poderiam evitar o colapso populacional de alguma maneira. Estes apóstolos do desenvolvimento se parecem cada vez mais com os cultos “cargo”† em sua crença de que a tecnologia desenvolvida pelo mercado (no caso do capitalismo) ou pelo estado (no caso do socialismo) nos proverá de tudo o que é necessário. Diante da improvável chance disto acontecer de fato
e que a provisão de alimentos se mantenha de acordo com o crescimento populacional, a natureza altamente regulada dessa produção e distribuição implicará em uma “provisão de liberdade” (tanto para humanos como para os animais) cada vez mais escassa.

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