Archive for March, 2019

É MAIS TARDE DO QUE ACREDITAMOS

Sunday, March 31st, 2019

A mudança climática será mais rápida do que o esperado.

Algo recorrente no ambientalismo é que, apesar de parecer que o apocalipse está logo ali na esquina, sempre há tempo para solucioná-lo. Cada nova geração parece ter uma última oportunidade para salvar o planeta. O biólogo Barry Commoner disse em 1970:

“Estamos num período de graça, temos tempo – talvez uma geração – para salvar o meio ambiente dos efeitos finais do dano que
lhe temos causado.” Hoje em dia se ouvem declarações similares,
mas, o mais seguro é que o período de graça tenha terminado.

Em 1990, os editores da revista The Ecologist publicaram uma avalia-
ção geral do estado da terra em 5000 dias para Salvar o Planeta (5000 days to Save the Planet).
É dito que nosso planeta está em crise, que estamos destruindo-o e contaminando-o até provocar uma catástrofe mundial. (…) É possível que nos restem nada mais que quinze anos, um período tãocurto como 5000 dias para salvá-lo. (…) Uma das
maiores preocupações que surgem desde a teoria de Gaia é que estamos forçando os processos naturais para além de sua capacidade de manter uma atmosfera apta para a sobrevivência das formas de vida mais complexas. Uma vez superado
esse limite, o sistema pode mudar gerando um ambiente novo que seria extremamente inóspito para a vida tal qual a conhecemos. Uma vez desencadeada, a mudança para a nova condição poderia se desenvolver em grande velocidade.

Respira. Respira. Respira. E prepara-te para um novo mundo.

Saturday, March 30th, 2019

Por Inhabit

Uma multiplicidade de pessoas, espaços e infra-estruturas formam a base onde territórios autónomos e poderosos tomam forma. Tudo para todos. A terra é dada para uso comum. A tecnologia é quebrada e libertada. Tudo uma ferramenta, tudo uma arma. As linhas de abastecimento autónomas quebram o estrangulamento económico. Redes integrais fornecem comunicação em tempo real para aqueles que sentem que uma vida diferente deve ser construída. Enquanto os governos falham, os territórios autónomos prosperam com um novo sentido de que, para sermos livres, temos de estar ligados a esta terra e à vida nela. Os enclaves do tecno-feudalismo são pilhados pelos recursos. Enfrentamos as forças em declínio da contra-revolução com as opções: o inferno ou a utopia? Ambas as respostas nos satisfazem. Finalmente, chegamos ao limiar – sentimos o perigo da liberdade, o abraço de viver juntos, o milagroso e o desconhecido – e sabemos: isto é vida.

Se acabó.  Agacha la cabeza Y  checa el  apocalypsis en  tu teléfono.

Saturday, March 30th, 2019

Observa mientras Silicon Valley re- emplaza todo con robots. Nuevos cultos fundamentalistas mortales hacen que ISIS parezca juego de niñxs. Las autoridades lanzan una aplicación de geolocalización para delatar a inmigrantes y disidentes políticos en tiempo real; mientras que los metafascistas financian campos de concentración de manera colectiva. Los servicios gubernamentales fallan.

Los Políticos hacen uso de medidas cada vez más Draconianas y la izquierda sigue ladrando sin dientes. Mientras tanto, los glaciares se derriten, incendios salvajes arden, el Huracán Lo Que Sea ahoga a otra ciudad. Antiguas plagas reemergen de la descongelación del permafrost.

Trabajo infinito mientras los ricos se benefician de la ruina. Finalmente, sabiendo que no hicimos nada, perecemos, compartiendo nuestra tumba con toda la vida del planeta.

https://es.inhabit.global

Não haverá um futuro global.

Tuesday, March 26th, 2019

Darei por certo que vocês, leitoras e leitores, entendem a irrealidade ingênua de tais “grupos de pressão”, mas vale a pena prestar atenção nessas tendências ao analisar campanhas menos institucionalizadas contra as mudanças climáticas.

Existem três tendências principais por onde muitas costumam transitar erraticamente.

Primeiro estão as que têm crenças similares às do Greenpeace (entendendo a “ação direta” como estratégia de conscientização ou grupos de pressão cidadã).Em seguida, estão as que usam o discurso das mudanças climáticas para alentar mobilizações locais que,ainda que provavelmente não tenham efeito algum sobre as mudanças climáticas, pelo menos mantêm objetivos práticos e realizáveis,como, por exemplo, parar a destruição de um ecossistema determinado, o empobrecimento da qualidade de vida de uma comunidade, ou simplesmente aumentar a capacidade de autogestão.

Por fim, estão as anticapitalistas nostálgicas que concebem “a justiça climática” como a metamorfose do imaginário “movimento alterglobalização” (nota-se que a expressão “antiglobalização” tem caído em desuso).Um escritor anônimo descreveu muito bem essa última tendência:

[Quando as ativistas] tentam nos convencer de que esta é “a última oportunidade de salvar o planeta”(…) o fazem com a intenção de construir movimentos sociais.(…) Nos últimos anos, nos círculos radicais,ronda uma tendência crescente e perturbadora baseada na ideia de que um positivismo cego pode con-duzir a vitórias interessantes e inesperadas.Os livros de Michael Hardt e de Tony Negri trouxeram algumas bases teóricas para sustentar essa afirmação;algumas pessoas as adotaram para unir as massas sob a bandeira da precariedade, organizar as imigrantes e criar mobilizações durante os encontros.Para muitas da tradição esquerdista foi a mensagem de esperança que estavam esperando ouvir em tempos em que sua ideologia parecia mais débil que nunca.(…) As teóricas, que supostamente compreendem ao capitalismo o suficiente, escrevem que o mo-mento das liberdades para todos e uma renda básica universal são objetivos realizáveis.É possível que nem mesmo acreditem no seu próprio discurso; ainda assim, se esforçam para inspirar a outras para que o façam, argumentando que os “excessos” gerados por esses sonhos utópicos originaram movimentos potentes para mudança.A mudança climática(…) é, sem dúvida, o laboratório experimental adequado para políticas de esperança pré-fabricadas,às quais somos alheias.No entanto, enquanto os políticos (aqueles dinamizadores, não autoritários) assistem como prosperam seus partidos, ainda existemrazões para viver no mundo real.

As novas referências se parecem com as antigas.Tanto umas quanto outras consideram que um futuro global só será possível se nos organizarmos.Porém, de fato, – seja dentro dos ecossistemas em geral, como no espírito das pessoas em particular – não há um único futuro mundial possível e nenhuma comunidade imaginária, tanto estatal como “popular” (ou as duas juntas como proposto na conferência de Cochabamba), pode deter a mudança climática.

Dada nossa óbvia incapacidade de refazer o mundo inteiro a nossa maneira, alguns substituem o mito da “revolução mundial”pela crença em um “colapso mundial” iminente, hoje em dia uma combinação de mudança climática e pico do petróleo.Como veremos mais adiante – tanto nos capítulos seguintes – como nos anos que virão – o aquecimento global trará um sério desafio à civilização em algumas áreas e a aniquilará em outras.Apesar disso, em algumas regiões, certamente, se darão as condições necessárias para que a civilização se propague.Alguns lugares se manterão (re-lativamente temperados), tanto climatológica como socialmente.Da mesma forma que a civilização, a anarquia e as anarquistas serão seriamente desafiadas; às vezes aniquiladas.As possibilidades– para a liberdade e para a vida selvagem – aparecerão e desaparecerão.A desigualdade que caracteriza o presente será aprofundada.Não haverá um futuro global.

Da globalização às mudanças climáticas

Monday, March 25th, 2019

Para muitas de nós, a perda de ímpeto do movimento antiglobalização implicou na queda da ideia de mudança mundial e seu otimismo religioso.Porém, nos últimos anos, outra tentativa de reviver um “movimento mundial” apareceu de novo entre nós, desta vez apoiando-se nas mudanças climáticas.

Muitas articularam a mobilização durante a Conferência Sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas em Copenhague como se fosse a nova Seattle, alguns grupos aclamavam estar “construindo um movimento global para solucionar a crise climática”.

O Greenpeace, por exemplo, disse que:
(.) as mudanças climáticas são um problema público mundial.Para solucionálo são necessárias ações coletivas a nível global.(…) Não temos outra alternativa além de construir um movimento debase mundial, pressionar aos políticos e forçar ascorporações e bancos para que mudem de rumo.

Darei por certo que vocês, leitoras e leitores, entendem a irrealidade ingênua de tais “grupos de pressão”, mas vale a pena prestaratenção nessas tendências ao analisar campanhas menos institucionalizadas contra as mudanças climáticas.
Existem três tendências principais por onde muitas costumam transitar erraticamente.

sempre haverá lugares onde se pode ir para viver, para amar e para resistir a partir dali.

Monday, March 25th, 2019

Inclusive, mesmo que uma área se encontre, aparentemente, sob
o controle absoluto da autoridade, sempre haverá lugares onde se
pode ir para viver, para amar e para resistir a partir dali.

Podemos expandir esses lugares. A situação mundial pode parecer fora do nosso alcance, mas a realidade local nunca está. Por sorte, o fato de
que somos anarquistas não nos torna completamente impotentes
nem potencialmente onipotentes.

A revolução não está em todos os lados, nem em nenhum lugar.

Sunday, March 24th, 2019

Qualquer biorregião pode ser libertada por meio de uma sucessão de eventos e estratégias baseadas nas condições que lhes são particulares,especialmente quando a civilização retrocede intencionalmente ou perde o controle graças aos esforços das habitantes.(…)

A civilização não triunfou em todos os lados e, da mesma forma, seu desmantelamento só ocorrerá em vários níveis, em distintos lugares e em diferentes tempos.

Nando Reis: Rock ‘n’ roll

Friday, March 22nd, 2019

Em algum momento, virou o tempo
Um deslizamento derramou cimento
Entre a loucura e a razão
Já não há silêncio, tudo é barulhento
Muito movimento, pouco pensamento
Sobra opinião

Todos similares
Carregam nas mãos seus celulares
Rostos singulares
Se tornam vulgares em meio à multidão
Mas eu ainda canto meu rock ‘n’ roll
Eu ainda canto meu rock ‘n’ roll

Detritos nos mares, nos rios, nos lagos
Todos infestados com enxofre, chumbo e ácido
O imundo licor preto
Garrafas pet, cápsulas de Nespresso
Como espectros, durante séculos
Vagarão boiando pelos oceanos seus esqueletos

Não há nenhum ninho
Na grande ilha de lixo do Pacífico
Como um urso polar
Flutuando num bloco de gelo à beira da extinção
Eu ainda canto meu rock ‘n’ roll
Eu ainda canto meu rock ‘n’ roll

Conservadores e liberais usam as redes sociais
Pra divulgar os seus boçais ideais medievais
Como se fossem os dez novos mandamentos
Em presídios superlotados
Homens trancafiados, sendo decapitados
Seus corações arrancados
Já não causam mais nenhum estranhamento

Perdeu seu emprego
Quando revelaram seu segredo
Morrendo de medo
Foi crucificado com desprezo como um traidor
Mas ele ainda tem o seu rock ‘n’ roll
Ele ainda tem o seu rock ‘n’ roll

Pastores e censores, delatores, promotores
Senadores, corruptores, grandes trocas de favores
Na maior hipocrisia e desfaçatez
As transações tenebrosas das obras portentosas
Roubam somas vultosas bocas gananciosas
Esperando cada uma a sua vez

É crime o aborto
Mas não o é o roubo de um bilhão
Por um pacote de biscoitos
Ele passou mais de 20 anos na prisão
Mas ele ainda tem o seu rock ‘n’ roll
Ele ainda tem o seu rock ‘n’ roll

Todos de vermelho comungam de joelho
São fartos em conselhos, mas não olham pro espelho
Evitando o constrangimento da própria contradição
Vaca amarela guardou a panela
E a camisa amarela saiu da janela
Onde foi parar aquela balela da fúria e da indignação?

Não tenho as certezas
Dos hinos que grita a multidão
Mas finco a bandeira
Do arco-íris, viva a liberdade de expressão
Sertanejo, gospel, hip-hop, choro
Samba, funk e pagode, rap, rock ‘n roll

A polícia dos costumes, chafurdada no estrume
Manipula seu o cardume, acendendo o vaga-lume
Aumentando o volume da sirene odiosa da repressão
Uma mão na bíblia, outra no coldre, repetindo seu slogan
Dente por dente, olho por olho
Bandido bom, bandido morto
Parece um contrassenso o argumento que armamento é proteção

Tudo é transgênico
No alimento que comemos
Mas negros, travestis e transgêneros
São assassinados, humilhados e tratados com discriminação
Com eles que eu canto esse rock ‘n’ roll
É com eles que eu canto esse rock ‘n’ roll

Toda nudez é inocente, até que a mente indecente
Dessa gente doente, de língua maledicente
Transforme a inocência da nudez da gente somente em perversão
Se Deus fosse consultado, qual seria o resultado?
Escolheria algum dos lados dos inimigos tresloucados
Lunáticos, fanáticos por suas crenças ou pela religião?

Uns creem no Gênesis
Outros na teoria da evolução
Buscando sossego, ele lê os gregos
Hesíodo e Platão
Mas eu ainda tenho meu rock ‘n’ roll
Eu ainda tenho meu rock ‘n’ roll

Na primavera, me disse a Vera
Eu vou, não me espera
Abriu-se uma cratera onde havia terra
Ela era a atmosfera e o meu chão
E eu sonho com ela, eu preciso dela
Sou louco por ela, a vida sem ela
É incongruência, desolação

O mundo não é mais o mesmo em que eu nasci
Mas eu continuo curando a tristeza
Com a beleza de uma canção
Por isso eu ainda canto meu rock ‘n’ roll
Eu ainda canto meu rock ‘n’ roll
Eu canto, eu canto o meu rock ‘n’ roll
Eu ainda canto, eu canto meu rock ‘n’ roll

E eu ainda canto, eu canto, eu canto rock ‘n’ roll
E eu ainda canto, eu canto, eu canto

Compositores: José Fernando Gomes Dos Reis

milhares de anos de socialização autoritária favorecem a dominação

Wednesday, March 20th, 2019

Anarquistas podem ser maravilhosos.Podemos ter beleza, autodeterminação e possibilidades aos montes.No entanto, não podemos refazer o mundo inteiro, não somos e nem seremos suficientes.

Há quem argumente que a revolução mundial libertária poderia triunfar sem a participação ou sem maior ajuda de anarquistas declaradas, porque “nossa” quantidade de militantes e recursos é irrelevante.Entretanto, é certo que as crises sociais e revoltas ocorrem regularmente nas sociedades baseadas na guerra de classes, colocar nossa fé no “impulso revolucionário do proletariado” é quase como dizer que “no final, tudo ficará bem”.

Desgraçadamente, na história há muito pouca evidência de que a classe trabalhadora esteja predisposta a uma revolução libertária ou ecológica – muito menos o resto da sociedade – milhares de anos desocialização autoritária favorecem a dominação.

Nem nós nem ninguém pode criar um futuro libertário e ecológico da sociedade mundial através da mera expansão dos movimentos sociais.Mas ainda, não há razão para pensar que sem uma expansão destas dimensões, pode chegar a existir uma transforma da sociedade mundial que concorde com nossos desejos.Como anarquistas não somos “a semente da sociedade futura nas entranhas da velha”, senão simplesmente outro dos muitos elementosque formam o futuro.Quando nos enfrentamos com tal escala decomplexidade existe certo valor na humildade não servil, inclusivequando se trata de insurgentes.

Meu querido anarquismo: seu potencial e suas limitações

Monday, March 18th, 2019

Nós anarquistas somos cada vez mais.Estão surgindo agrupações e contraculturas em países onde quase não existia “anarquistas de movimentos sociais”.Ainda assim a avaliação honesta de nossas forças e possibilidades, somadas àquelas das comunidades e classes às quais pertencemos, poderia deixar claro que não estamos criando“a semente da sociedade futura nas entranhas da velha” que libertará o mundo algum dia.Imergimos tanto na internet que nos perdemos em uma aldeia virtual (de ativistas) e cada vez é mais fácil esquecer que na terra existem muitos lugares e muitas pessoas.Querer livrar o mundo das relações sociais capitalistas, ou inclusive da civilização, é uma coisa, poder fazê-lo é outra totalmente distinta.Não estamos em todos os lados, somos pouco comuns.
Ações, círculos de amizade, centros sociais, células de guerrilha urbana, grupos editoriais, ecoguerrilhas, cooperativas de habitação,estudantes, refúgios, incendiárias, famílias, okupas, cientistas, camponesas, grevistas, professores e professoras, comunidades agrícolas,músicas, tribos, quadrilhas, insurgentes devotas e muito, muito mais.